As equipes que atuam na captação de órgãos e tecidos para a realização de transplantes nos Hospitais Getúlio Vargas, Souza Aguiar e Salgado Filho foram homenageadas no final de setembro pela coordenação da Organização de Procura de Órgãos (OPO Norte), pelos resultados alcançados em plena pandemia: um aumento de quase 30% de doações efetivadas nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Números que revelam uma realidade bem diferente da média nacional, afetada pelo avanço da Covid-19. Só no primeiro semestre deste ano, houve uma queda de 13% nas doações efetivadas de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A redução se deve aos protocolos de contraindicação de doação de órgãos por pessoas portadoras de doenças virais, como explica a enfermeira Daniele Nascimento, coordenadora da OPO Norte, que funciona no Hospital São Francisco na Providência de Deus. “Mesmo pacientes que não apresentaram sintomas de Covid-19 e que tenham tido morte cerebral por outras questões, muitas vezes, depois de falecidos, testam positivo e acabam excluídos da lista de possíveis doadores”, esclarece.
Daniele Nascimento, coordenadora da OPO Norte.
Com a dificuldade, as equipes reforçaram o protocolo de captação, centrando esforços no acolhimento e orientação das famílias de potenciais doadores. “Nós, da equipe da OPO Norte, investimos em treinamento e capacitação das equipes de assistência sobre a importância de acolher e conversar com as famílias acerca do protocolo de morte cerebral, o que é fundamental para aumentar a compreensão sobre a importância da doação e estamos alcançando ótimos resultados em captação de órgãos. Temos observado que em hospitais, clínicas, unidades de pronto atendimento em que não há profissionais preparados para conversar com as famílias, elas não aceitam doar órgãos”, esclarece Daniele.
Para registrar o reconhecimento ao trabalho incansável realizado pelas equipes que atuam na captação de órgãos no âmbito da OPO Norte, que abrange 94 unidades de saúde públicas e particulares na região que vai do Centro até Bangu, foram organizados eventos em algumas instituições. Na sexta-feira, dia 27, a equipe da OPO Norte visitou o Hospital Estadual Getúlio Vargas, que atualmente ocupa o segundo lugar no ranking de captação de órgãos da região. “O Getúlio Vargas vem alcançando resultados cada vez melhores na efetivação de doações e a nossa ida à unidade teve o intuito de apresentar os novos números que eles registraram, além de homenagear e agradecer a direção geral e as equipes de psicologia, do CTI e da Emergência, que prestam suporte no processo de captação. Também entregamos certificados para as equipes e para a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos, a CIHDOTT”, conta Daniele. Foram apresentadas ainda histórias de profissionais que passaram pela Comissão e tiveram papel importante na consolidação desse trabalho. No encerramento, todos foram convidados a compartilhar fotos e opiniões nas redes sociais, usando a #somostodoscihdot, para estimular que mais equipes se dediquem à captação de órgãos para transplantes.
Na segunda-feira, 27, dia Nacional da Doação de Órgãos, a unidade visitada foi o Hospital Municipal Souza Aguiar, que ficou em décimo-primeiro lugar na captação. “Houve uma queda
Daniele Nascimento entrega certificado à Flávia Nobre, diretora médica do Hospital Estadual Getúlio Vargas.
considerável na captação porque a unidade era referência para o tratamento da Covid-19, o que reduziu outros atendimentos que poderiam resultar em doação de órgãos. Apesar disso, a coordenadora da CIHDOTT da unidade conseguiu manter um bom fluxo de trabalho junto aos chefes de serviço e seguir com a captação. Importante lembrar que foi no Souza Aguiar que foi realizado o primeiro alotransplante de células paratireoides frescas no Brasil, em março deste ano. Trata-se de um tratamento definitivo para o hipoparatireoidismo permanente e o sucesso do procedimento representa um grande feito para o hospital”, comemora Daniele. O coordenador do CIHDOTT do Programa Estadual de Transplantes, Sandro Montezano, participou da homenagem ao Hospital Souza Aguiar pela conquista.
Encerrando a programação do mês de setembro, a equipe da OPO Norte esteve no dia 28 no Hospital Municipal Salgado Filho, com uma dinâmica diferente: a chamada Blitz da Doação, com visitas aos setores, como laboratório, CTI, unidades de trauma e terapia intensiva, Sala Amarela, entre outros. Nestes trajetos, os profissionais eram abordados e recebiam um agradecimento pelo trabalho realizado. “Fizemos contato com as chefias de enfermagem, com a fisioterapia e com os residentes médicos. Distribuímos doces com a seguinte mensagem: ‘Nem toda resposta é doce assim. Diga sim à doação de órgãos’. Nossa ideia é destacar que nem sempre a notícia da morte encefálica é bem-vista e nem toda resposta para a doação de órgãos é positiva. Nem sempre temos apoio das equipes, da família, dos setores e essa foi a forma que encontramos para fazer um agradecimento por tudo que estas equipes vêm realizando neste período tão difícil para a captação de órgãos, nos ajudando com o protocolo de morte encefálica e a notificação de potenciais doadores e até mesmo com a doação em si”, relata Daniele. O Salgado Filho ocupa a quinta colocação na doação de órgãos apesar de não contar com o trabalho coordenado por uma CIHDOTT exclusiva.
Blitz da Doação no Hospital Municipal Salgado Filho.