Uma missa solene celebrada pelo presidente da Associação Lar e Fraternidade São Francisco na Providência de Deus, Frei Francisco Belotti, com transmissão ao vivo pela Rede Vida de Televisão e a presença de representantes do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), marcou a inauguração da Comunidade Terapêutica Santa Clara. O novo serviço do Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF) é voltado ao atendimento de dependentes químicos (álcool e drogas) que buscam ajuda de forma voluntária e é mais um dos legados da visita do Papa Francisco ao hospital, ocorrida em julho de 2013, quando ele inaugurou o Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (PAI), batizado em sua homenagem.
Em um altar especialmente criado para a ocasião, Frei Francisco presidiu a celebração em ação de graças à passagem do Papa pelo HSF e falou sobre o propósito de inaugurar o espaço destinado à recuperação de vidas. “Precisamos ser portadores da esperança. Não há quem não possa se recuperar. Em 1985, a Associação criou a primeira Comunidade Terapêutica e hoje, dez anos depois da visita do Papa Francisco, estamos firmando essa parceria com o MPT-RJ, cujos representantes são mediadores de luz para os acolhidos que vão chegar a essa casa”, afirmou durante a homilia. O Frei lembrou as palavras do santo pontífice, quando mandou um recado aos jovens em visita à Colômbia, em 2017: “Não deixem que lhes roubem a esperança”.
O MPT-RJ esteve representado na celebração, pelo vice-procurador-chefe, Fabio Goulart Villela, e pelas procuradoras do Trabalho Cynthia Lopes e Samira Torres Shaat, responsáveis pelos acordos de cooperação técnica que viabilizaram a Parceria Bem-Viver, que tem foco no atendimento de saúde mental a agentes de segurança pública. Ao lado do diretor geral do HSF, Frei Nicolau Castro, e do coordenador da Pastoral da Saúde do hospital, Frei Timóteo Zanuto, Frei Francisco convidou as procuradoras e a jornalista e representante da Rede Vida de Televisão, Mariana Monteiro, a rezarem em frente à imagem da Nossa Senhora do Loreto, doada pelo Papa Francisco durante sua visita em julho de 2013, encerrando o momento religioso da inauguração.
O diretor geral do hospital lembrou que foram necessários 7 meses de obras para colocá-la em funcionamento. Ele convidou as procuradoras ao microfone. Samira se emocionou ao dizer que esta parceria nutre o coração dos envolvidos e que o projeto tomou uma proporção maior do que a imaginada. Ela reforçou que o atendimento a dependentes químicos ajuda não só a eles, mas a todos que estão ao redor, como familiares e amigos que são diretamente impactados pelo problema. Cynthia destacou que antes da criação da parceria, não tinha conhecimento da grandiosidade do problema. “Mas Deus coloca no nosso caminho pessoas que nos indicam o rumo a ser seguido. E o caminho da luz, quem indica são vocês”, disse, dirigindo-se ao Frei Francisco e aos representantes do HSF que participaram do desenvolvimento do projeto.
Momentos antes de abrir a Comunidade Terapêutica à visitação do público presente, Frei Francisco tomou a palavra com uma mensagem de esperança. “Vamos lutar para que essa casa seja uma maternidade, onde a vida renasça todos os dias. Vamos abrir muitas outras casas como esta, até que um dia todas poderão ser fechadas por não haver mais quem precise deste atendimento”, planejou.
A Comunidade Terapêutica terá, inicialmente, capacidade para receber 20 acolhidos e conta com equipe multidisciplinar, formada por enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social, psiquiatra e monitor, profissional responsável por supervisionar as atividades.
Como funciona
O tratamento é dividido em quatro ciclos, de cerca de 30 a 40 dias cada, como explica a psicóloga Caroline Oertel, coordenadora da Comunidade Terapêutica Santa Clara. “Esse programa de tratamento tem terapêuticas diferenciadas de acordo com o ciclo que o acolhido está vivenciando no momento. Não determinamos o prazo para a alta, o tempo de recuperação é variável, de acordo com a condição de cada pessoa”, esclarece. Cada ciclo tem um propósito ou temática que irá guiar o tratamento de forma personalizada e os acolhidos devem cumprir atividades como cuidar da horta terapêutica, laboterapia e terapias de grupo, além de tarefas da vida diária, como preparar as refeições, manter o ambiente limpo e organizado. “A equipe que faz a triagem dos acolhidos é a mesma que vai acompanhá-los durante a permanência na Comunidade Terapêutica e isso é importante pois ajuda a estabelecer um vínculo com eles”, complementa.
Sobre a Parceria
Além do HSF e do Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ), integram a iniciativa instituições de segurança pública do estado do Rio de Janeiro (Polícia Civil, Secretaria de Estado de Administração Penitenciária – SEAP e Departamento Geral de Ações Socioeducativas – DEGASE).