Projeto visa diminuir o índice de suicídio entre agentes de segurança
A união de esforços do Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF-RJ), o Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) e instituições de segurança pública do estado do Rio de Janeiro (Polícia Civil, Secretaria de Estado de Administração Penitenciária – SEAP e Departamento Geral de Ações Socioeducativas – DEGASE) deu origem à Parceria Bem-Viver, que tem por objetivo valorizar a vida e zelar pela saúde mental de agentes das forças de segurança. De acordo com o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de policiais civis e militares que tiraram suas próprias vidas no Brasil cresceu 55% de 2020 para 2021. Só no estado do Rio, de 2019 a 2021, o aumento foi de 150%, passando de seis para 15 casos.
Para Márcio Nunes, diretor administrativo do HSF, é preciso um olhar humanizado para a questão da saúde mental. “Para nós, do Hospital São Francisco na Providência de Deus, é uma honra e um privilégio fazer parte desta parceria e poder contribuir para proteger quem protege, cuidar de quem cuida. A questão da saúde mental é da maior importância e não fica restrita à pessoa que está sofrendo. Todos que estão ao redor dela também são afetados. Poder trabalhar para devolver a qualidade de vida a estas famílias é o nosso objetivo dentro desta nossa ‘parceria do bem’”, afirma.
O Hospital foi escolhido para integrar o projeto devido ao fato de a Associação Lar de São Francisco na Providência de Deus, que gere o instituição, já ser parceira do MPT em outros estados. “Por meio deste elo foi possível a construção do barco-hospital Papa Francisco, que atende às populações ribeirinhas das regiões do Baixo Amazonas, Tapajós e Xingu e é um projeto da nossa Associação. Por outro lado, o HSF responde aos anseios e necessidades deste projeto por já possuir um serviço psiquiátrico de referência, com emergência psiquiátrica 24h e unidades de internação”, observa Nunes. “Essa experiência já nos baliza para esse tipo de atendimento”, completa ele.
Como funciona?
A equipe multidisciplinar especializada em saúde mental do HSF está prestando atendimentos de emergência psiquiátrica e ambulatoriais, além de internação aos servidores das forças de segurança do estado do Rio de Janeiro. O serviço é oferecido também para os dependentes dos agentes, que tenham idades entre 12 e 17 anos. Para dar entrada no atendimento, basta apresentar a identificação com o número de matrícula.
“Nossas equipes passam por treinamentos constantes para o atendimento de pacientes psiquiátricos e dependentes químicos. Temos um olhar cuidadosamente direcionado para a especificidade de cada paciente, sem descuidar do cuidado humanizado”, afirma Caroline Oertel, coordenadora do Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (PAI) do HSF, responsável pelos atendimentos e internações psiquiátricas na unidade.
A Parceria Bem-Viver conta ainda com um ambulatório especial de saúde mental para dependentes de álcool e drogas na Policlínica da Polícia Civil (Rua Haddock Lobo, 60). Este serviço será prestado por uma equipe de profissionais do HSF, formada por recepcionista, enfermeiro, assistente social, psicólogo e psiquiatra. Os atendimentos irão começar no dia 24 de maio, e também serão estendidos aos dependentes entre 12 anos e 17 anos.
Comunidade Terapêutica
A partir do segundo semestre, o HSF irá disponibilizar um novo tipo de atendimento no âmbito das ações da Parceria Bem-Viver: a Comunidade Terapêutica Santa Clara, destinada ao atendimento de dependentes químicos que busquem o serviço de forma voluntária e passem pela triagem realizada na Policlínica da Polícia Civil. Esse serviço é voltado exclusivamente para o público masculino, com idade acima de 18 anos. O tratamento é dividido em quatro ciclos, de cerca de 30 a 40 dias cada, como explica Caroline Oertel, que também é a coordenadora da Comunidade Terapêutica. “Esse programa de tratamento tem terapêuticas diferenciadas de acordo com o ciclo que o acolhido está vivenciando no momento. Não determinamos o prazo para a alta, o tempo de recuperação é variável, de acordo com a condição de cada paciente”, esclarece ela.