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Hospital São Francisco na Providência Deus celebra Dia do Doador com programação científica e bênção do Cardeal do Rio

Primeiro lugar em transplantes renais no estado e terceiro no Brasil, o Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF) realizou mudanças estruturais e de protocolos para manter as cirurgias de transplante durante os seis meses mais críticos da pandemia de Covid-19.

O objetivo era garantir segurança aos pacientes e profissionais de saúde que atuam no hospital. Entre essas transformações, foram abertas novas enfermarias e 46 leitos em cinco CTIs criados exclusivamente para receber doentes que contraíram o novo coronavírus, separando totalmente os pacientes contaminados pelo novo coronavírus dos demais pacientes de internação hospitalar.

“A situação complexa em emergências e CTIs ocorreu em todos os hospitais cariocas, mas mesmo com a queda nas captações, fizemos 109 transplantes de rins – 11 a menos do que no ano anterior – entre março e julho, enquanto no Brasil foi observada uma redução de 50% nos transplantes de rins, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)”, explicou Tereza Mattuck, médica nefrologista da equipe de transplantes do HSF.

Para Frei Paulo Batista, diretor geral do hospital, “desde o começo ficou muito claro para o corpo médico e a direção que, para garantir o não contágio de pacientes transplantados, seria preciso ‘ilhar’ todo o setor de transplantes, assim como aumentar a quantidade de leitos para receber pacientes com o novo coronavírus”. Para ele, as transformações só foram possíveis porque o hospital conta com profissionais qualificados, com vocação e paixão pelo que fazem.

“Em um dia criamos a estratégia de combate ao Covid-19. Depois, precisamos inúmeras vezes refazer protocolos e planos”, enfatizou o diretor. De acordo com a nefrologista, a primeira mudança interna realizada para adequar à pandemia foi suspender as palestras do Serviço Social, que representam o início do processo para o paciente entrar em lista de cirurgia. “Depois disso, o hospital cancelou os transplantes intervivos para evitar risco de contágio do novo coronavírus em doadores saudáveis”, conta Tereza Mattuck.

“A consulta de pacientes que receberam rins, de 6 meses a 1 ano, e que mantinham função renal estável, foram suspensas até junho. Por outro lado, os pacientes recém transplantados, mesmo com função renal boa, foram atendidos normalmente no ambulatório. Outra ação preventiva para garantir a saúde do receptor foi a realização do teste rápido de Covid-19 e de tomografia computadorizada de tórax entre os exames do pré-operatório”, pontua a médica.

Ela conta que foi um momento de dúvidas e incertezas, em que foi preciso decidir se o hospital ia paralisar ou não as cirurgias de transplantes. “Decidimos não parar, pois doentes de diálise estavam morrendo mais de Covid-19 do que os transplantados, pois precisavam se deslocar três vezes por semana da casa aos hospitais, ficando mais expostos ao risco de contágio”.

O especialista Pedro Tibúrcio, médico intensivista, resumiu o desafio: “Fizemos um ‘esforço de guerra’. Precisamos nos desdobrar em quantidade enorme de plantões para cobrir colegas que contraíram o vírus no trabalho, fizemos uma obra em menos de um mês para colocar em funcionamento cinco CTIs com mais de 46 leitos para atendimento à pacientes com coronavírus, entre outras transformações realizadas durante a epidemia”.

Bênção do Cardeal

A tradicional Santa Missa em homenagem ao Dia Nacional de Transplante de Órgãos (27/9), celebrada pelo Cardeal Orani João Tempesta teve um simbolismo especial este ano, com a pandemia do novo coronavírus.

Na abertura da cerimônia religiosa, realizada no auditório do HSF, seguindo protocolo de distanciamento entre os presentes, o arcebispo da cidade disse que “todos os anos rezamos aqui no HSF por aqueles que fazem a doação em vida como também às famílias daqueles que faleceram, cujos órgãos doados permitem a continuação da vida de outras pessoas. Esse é um momento de visão Cristã da vida. Nós bendizemos a Deus a possibilidade de poder ajudar”, declarou o cardeal Orani Tempesta.

Agata Messina é uma das pacientes transplantadas no HSF. Ela conta que há 1 ano e 8 meses ingressou no hospital para fazer um transplante: “Agradeço ao meu doador, a Deus e a São Francisco de Assis, mas também aos profissionais de saúde do hospital que tratam todos bem igualmente. Esse é um hospital especial. Me senti acolhida por todos desde a recepção inicial até o pós-cirúrgico”.

Para o encerramento das homenagens do Dia Nacional de Doação de Órgãos, houve a inauguração do Jardim da Vida com o plantio de algumas flores, ao som instrumental da Oração de São Francisco. Criado em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro, o Jardim da Vida foi idealizado pelo secretário Marcelo Queiroz, que também passou pela vivência da espera por um transplante de rins. Estiveram presentes no evento: Alexandre Varella, assessor do governador do Rio de Janeiro, a presidente da Emater, Stella Romanos, o chefe de gabinete, Nilo Félix, entre outros.

Frei Paulo Batista, diretor do Hospital São Francisco, afirmou que a gratidão é o marco do coração daqueles que confiam, acreditam em Deus e se colocam sempre à disposição de outros irmãos. “Para homenagear homens, mulheres e seus familiares que doaram seus órgãos e, desta forma, permitiram a continuação da vida para muitas pessoas, escolhemos cultivar um Jardim da Vida. O jardim que é local de encontro, que nos dá sombra, onde descansamos, vemos a beleza da natureza e podemos sentir o perfume das flores”, disse o diretor geral do HSF.